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Reporter. Writer. Radio and multimedia producer  | Currently in Lisbon, Portugal  | Updating...


O sangue novo do PCP

Aos 12 anos, João Oliveira soube que a União Soviética tinha chegado ao fim porque, em casa, os pais e o avô materno, comunista, discutiam apaixonadamente o desenrolar dos acontecimentos. «Percebi que eles estavam preocupados com o que aquilo significava – para o futuro, para os portugueses e para o partido. Mas eu não tinha bem a perceção das coisas», diz. No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, as ondas de choque do desmantelamento do bloco comunista da Europa de Leste chegaram a Portugal sob a forma de divergências e fraturas no Partido Comunista Português. Alguns dos que começaram a questionar se o modelo comunista tinha pernas para andar afastaram-se do partido e juntaram-se a outras formações políticas.

Na altura, acabado de completar 70 anos, o PCP, partido mais antigo em Portugal, parecia, aos olhos da opinião pública, fragilizado e até em risco. Mas, três anos depois do fim da URSS, João Oliveira juntava-se à Juventude Comunista Portuguesa (JCP), num momento aceso para os jovens portugueses, que nas ruas lutavam contra as medidas educativas do governo social-democrata de Cavaco Silva, nomeadamente a lei das propinas. «Não senti que o PCP estava a chegar ao fim porque a nossa realidade era contrária a essa ideia. Havia uma grande dinâmica dos jovens da JCP que estavam a ajudar a construir a intervenção desta nas escolas e nas faculdades», diz João Oliveira, 37 anos, natural de Évora, advogado de profissão, atual líder da bancada parlamentar do PCP e um dos nomes mais apontados pela comunicação social, a par do eurodeputado João Ferreira, para suceder a Jerónimo de Sousa no cargo de secretário-geral.

Vinte anos depois das previsões do fim do comunismo no mundo, essa bancada é a mais jovem da Assembleia da República (em 15 deputados, oito têm menos de 40 anos). Contrariamente à geração anterior, a que se segue nunca se viu confrontada com o problema da continuidade do seu partido. Pelo contrário. Olhando para o panorama dos partidos comunistas na Europa, o PCP foi dos que «sobreviveram melhor», nas palavras do historiador Manuel Loff, várias vezes candidato independente pelas listas da CDU. «Há poucos dirigentes entre os 45 e os 55 anos. Os comunistas à frente do PCP neste momento são os da geração do Jerónimo de Sousa, 69 anos, ou os mais novos. No meio há um fosso geracional – que corresponde ao vazio deixado pela saída dos chamados renovadores. Estes mais novos não viveram a revolução nem a queda do Muro de Berlim e, portanto, não enfrentaram o impacto de julgar que o PCP poderia desaparecer. Para eles a existência do partido é uma coisa óbvia e assegurada», diz Loff.

É para esta geração que se olha agora, nas vésperas do XX Congresso do PCP, nos dias 2, 3 e 4 de dezembro. Herda um partido com 95 anos de história e a missão de o rejuvenescer e de o fazer durar. Quem são eles? Que desafios apontam para o futuro? E que futuro imaginam para o Partido Comunista Português?

A história de João Oliveira é comum aos que chegaram ao partido nos anos 1990 e dele se tornaram dirigentes, deputados, autarcas, políticos. Motivados pelas lutas estudantis, na JCP encontraram um grupo dinâmico que dava resposta à sua necessidade de intervenção e de luta. «Cheguei em 1994 a uma faculdade onde havia muita movimentação de resistência e boicote às propinas. Revia-me nas posições desses grupos. Depois, fui conhecendo o ideal e o projeto comunista e identifiquei-me», diz Margarida Botelho, 40 anos. A dirigente comunista, membro da Comissão Política e do Comité Central e responsável pela organização regional de Setúbal, é licenciada em Ciências da Comunicação e foi na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas que começou a participar na JCP e no jornal do coletivo, o AGIT. Em 1998, foi-lhe proposto que ficasse a tempo inteiro na organização da juventude e a passagem ao partido deu-se de forma natural. Em 2000, chegou ao Parlamento como deputada eleita pelo círculo de Lisboa. Tinha 23 anos e o facto de ser tão jovem fez que se sentisse alvo de discriminação. «Nunca senti a desigualdade de género, mas há vinte anos senti-me discriminada pela idade quando na Assembleia da República os outros grupos políticos me tratavam como a “miúda”.»

Mesmo os mais novos entre os mais novos dirigentes e deputados do PCP encontraram o caminho para o comunismo em torno da educação. «A JCP é a única que está nas escolas, junto dos estudantes, a distribuir panfletos», diz Ana Pato, 33 anos, membro do Comité Central, explicando um dos caminhos pelos quais chegou ao partido. O outro relaciona-se com a história familiar. Filha de Octávio Pato, histórico comunista, líder parlamentar na Constituinte e o primeiro candidato a presidente da República apoiado pelo PCP, Ana reconhece que o «conjunto de valores comunistas muito fortes» da família contribuiu para a sua adesão. É com grande sentido de responsabilidade que transporta esse passado, mas diz que isso não traduz numa diferença na forma como é tratada.

Nesta geração, nem todos, no entanto, confirmam a ideia feita de que o comunismo é hereditário.

«Eu não sou filha de comunistas. Acho que as pessoas chegam ao partido pelo coração e pela cabeça», diz Rita Rato, 33 anos, natural de Estremoz e licenciada em Ciência Política. «Como alentejana, tinha uma ligação afetiva ao PCP pela sua história de luta pela liberdade e democracia no Alentejo – essa é a parte do coração. Quando entrei no ensino superior, fui confrontada com situações injustas de colegas que não puderam estudar por não terem bolsas de estudo (foi assim que me liguei à JCP). Lutamos por um objetivo concreto – na escola –, mas lutamos ao mesmo tempo por uma sociedade melhor. Temos um objetivo mais alargado – essa é a parte da cabeça.»

O facto de muitos dos jovens comunistas que hoje se destacam terem chegado ao partido por via da reivindicação dos direitos em torno da educação põe em evidência uma diferença entre a nova geração e as anteriores: o PCP está a rejuvenescer já não através de jovens operários, mas através de deputados, funcionários e dirigentes com formação superior.

Entre estes oito rostos do PCP, Jaime Toga, 38 anos, membro da Comissão Política do Comité Central e responsável pela Organização Regional do Porto, é o único a não ter concluído a licenciatura depois de ter começado a estudar Engenharia de Polímeros. A sua aproximação ao PCP dá-se como forma de responder «aos problemas de qualidade de vida» do concelho de onde é natural, a Trofa, no distrito do Porto. Ser comunista no Norte, região do país que tradicionalmente vota à direita, não é, para este dirigente, «nenhum bicho-de-sete-cabeças. Pelo contrário, é uma tarefa mais exaltante por haver mais camaradas a mobilizar para a luta».

Ana Pato, formada em Física, que está neste momento a conduzir um projeto de investigação em doutoramento com o tema «A oposição entre materialismo e idealismo no debate entre as principais interpretações na mecânica quântica», considera que «a formação académica não significa que nos coloquemos de forma diferente em relação à nossa classe» e explica a questão como uma consequência clara do 25 de Abril, que permitiu a «muitos filhos de trabalhadores acederem a níveis superiores de educação».

Constituirá esta diferença uma vantagem na organização da luta dos trabalhadores, que se têm transformado tanto nas últimas décadas? João Madeira, autor do livro A História do PCP (Tinta da China, 2013) e membro da comissão política do Bloco de Esquerda, defende que não. «O PCP tem dificuldade em incorporar as mudanças do mundo. A sua conceção de classe operária é muito marcada pelo velho mundo industrial quando hoje a precariedade afeta as profissões liberais e os quadros técnicos empobrecidos.» O PCP recusa a ideia de que não atua junto dos trabalhadores precários e de quadros superiores, reforçando que precariedade nada mais é do que a designação moderna de «exploração».

João Ferreira, o eurodeputado comunista de 38 anos, biólogo de profissão, doutorando em Ecologia e «sócio número 1 da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica», rejeita totalmente que o PCP não esteja ao lado dos precários qualificados.

«Desde a primeira hora que há atenção do PCP a essa realidade», diz. Bernardino Soares reforça: «São todos trabalhadores – independentemente de serem precários, terem vínculos a termo incerto ou serem desempregados. Não desligamos uma coisa da outra», diz o autarca, 45 anos, membro da Comissão Política e do Comité Central do PCP e desde 2013 presidente da Câmara de Loures, altura em que abandonou a liderança da bancada parlamentar comunista e pôs fim à atividade de deputado que exerceu durante 18 anos.

«A precariedade é muito antiga, mas as pessoas sempre resistiram e sempre lutaram. As condições de hoje são difíceis, mas não são impossíveis – cada pessoa que se sente afetada no seu trabalho e se sente injustiçada encontrará uma forma de se juntar aos seus iguais. Mesmo nas condições difíceis do fascismo foi possível conquistar as oito horas de trabalho», lembra Margarida Botelho. Esta ideia é também secundada por Manuel Loff. «O PCP já cá estava quando as relações laborais eram totalmente diferentes do que são hoje e teve de atualizar a visão que tinha nos anos 1930 e depois fê-lo de novo nos anos 1960 e 1970», diz o historiador, que está convencido de que estes novos dirigentes, pertencendo à geração que está a viver as transformações de hoje, estão capacitados para adaptar o partido à nova realidade.

Uma nova realidade que também é feita de mulheres que trabalham a tempo inteiro e têm de conciliar a vida profissional com a maternidade, num momento em que na comunicação social se multiplicam os relatos de trabalhadoras que se sentem discriminadas por terem decidido ser mães. Margarida Botelho, Ana Pato, Rita Rato e Inês Zuber são mulheres comunistas e mães de crianças pequenas. Margarida Botelho tem um rapaz de 4 anos e uma rapariga de 2. Ana Pato tem uma miúda de 3. O filho de Rita Rato tem 8. Inês Zuber é mãe de uma menina de 8 meses.

No início deste ano, Inês, 36 anos, doutoranda em Sociologia, era uma dos dois eurodeputados do PCP. Estando no fim do tempo de gravidez e não permitindo o Parlamento Europeu a substituição das mulheres em licença de maternidade, Zuber decidiu abandonar o cargo. O PCP promoveu um abaixo-assinado para exigir uma mudança de estatuto dos deputados eleitos que permitisse que fossem substituídos por outros em casos de licença de maternidade ou doença. O documento foi subscrito por todas as bancadas portuguesas e conta já com a assinatura de mais de uma centena de deputados de vários países e de vários grupos políticos. Ainda assim, Inês reconhece que esta não foi a única razão para a sua saída. «Foi uma decisão do PCP, que tomou em conta a opinião que eu expressei na altura sobre a dificuldade de conciliar a vida profissional e a maternidade em dois países diferentes», diz. Tomada de posição encarada naturalmente pelo partido, garante. «O PCP respeita a vontade dos seus militantes. A rotatividade das tarefas para nós é natural, ninguém tem lugar cativo», diz.

«Há um cuidado especial com os pais e as mães de filhos pequenos. Procuramos ajustar as horas das reuniões a pensar não só nos funcionários, mas também nos militantes, e evitamos reunir-nos ao início da manhã e ao fim da tarde, quando é necessário ir levar ou buscar as crianças à escola», diz Margarida Botelho.

Num partido quase centenário, onde se convive diariamente com a memória de figuras míticas que são exemplos de resistência, luta e abnegação, que vive rodeado de previsões de desaparecimento, como se equaciona a renovação geracional?

«Os jovens tiveram sempre um papel marcante. Foi um grupo de jovens que decidiu fundar o partido em 1921 e foi um grupo de jovens que conduziu a reorganização do partido nos anos 1940 ou a seguir ao 25 de Abril», diz João Ferreira, afastando a ideia de que este partido não é para os mais novos. «Esse problema do rejuvenescimento pôs-se muitas vezes. A resposta, tendo particularidades inerentes a cada tempo, não é muito diferente da forma como se foi colocando nestes anos», diz o comunista, que foi o cabeça de lista do partido nas eleições para a Câmara de Lisboa, onde atualmente exerce o cargo de vereador. Em 2009, foi escolhido para concorrer a eurodeputado para o Parlamento Europeu, cargo que ocupa desde então, apesar de a posição crítica do PCP sobre a EU ser conhecida. «O PCP não alimenta ilusões sobre a possibilidade de transformar a União Europeia, que é um processo de integração capitalista. Mas também não defende nenhum tipo de isolacionismo, preferindo um outro modelo de cooperação solidária entre os Estados da Europa. O Parlamento Europeu é um importante palco de luta pela afirmação deste outro projeto», afirma.

No plano nacional, a grande prioridade do PCP passará nos próximos tempos por «recuperar para o país o que lhe foi retirado nos últimos anos». Para conseguir esse objetivo, o eurodeputado traça as prioridades: «Reforçar o PCP em termos orgânicos e com uma maior influência social, política e eleitoral.»

No XX Congresso do Partido Comunista Português, a questão do rejuvenescimento estará certamente em cima da mesa. «Uma das grandes áreas de luta vai ser a necessidade de consciencialização das novas gerações de que têm direitos. A ausência de direitos é hoje tida como natural. As pessoas aceitam como normal terem dois empregos para poderem pagar a casa e as contas, mas têm direito a uma vida estável, salário digno, subsídio de férias, subsídio de Natal…», diz Ana Pato.

Inês Zuber pensa que um dos maiores problemas de hoje é «a individualização das pessoas por meio da natureza das relações laborais e das tecnologias de informação». Essa individualização, aponta, é um dos principais desafios que os comunistas enfrentam na sua luta por reforçar o espírito coletivo. «Eu creio que nas redes sociais não existe o mesmo nível de compromisso e de solidariedade que existe quando se partilha o espaço físico. Temos de utilizar esses meios e virá-los para o nosso lado – utilizar essa comunicação para chamar as pessoas para ações no mundo real», diz.

Nenhum deles parece, no entanto, muito preocupado com a necessidade de mudar a forma como comunicam. Bernardino Soares, que assistiu durante anos à previsão (segundo o próprio sem fundamento, porque nunca esteve em cima da mesa), feita pela comunicação social, de que seria o próximo secretário-geral do PCP, diz que «há um certo mito sobre a aversão do PCP em relação às novas tecnologias e formas de comunicação. Muitos militantes e deputados do PCP têm grande atividade nas redes sociais – não julgo que isso seja um problema nosso, fomos o primeiro partido a ter uma página na internet em Portugal».

O presidente da Câmara de Loures acha que essa ideia de um PCP que não consegue passar a mensagem se deve à superficialidade da generalidade do discurso mediático, mais do que à incapacidade do partido. «Às vezes não é fácil respeitar o conteúdo e ter a máxima eficácia na comunicação. Um sound bite por vezes não tem conteúdo ou tem-no errado. Se tivermos de optar, optamos pela certeza do conteúdo.» Sobre a caricatura da «cassete» atribuída ao PCP, Jaime Toga interpreta: «Há uma preocupação de rigor na sua intervenção que faz que a determinadas perguntas complexas o PCP não possa, por responsabilidade, responder sim ou não. O que leva alguns – para desvalorizar a argumentação – a ir por aí.»

Para Inês Zuber, que após a licença de maternidade acompanha agora as autarquias em Lisboa, importante é estar onde as pessoas estão, contactá-las cara a cara. «Temos de ir para as portas das escolas, das empresas, dos locais de trabalho. Se não fosse esse trabalho de formiguinha de milhares de militantes do PCP, o partido estaria hoje numa situação muito difícil.» E é esta ideia que está subjacente à resposta que todos dão à pergunta: «Como vai o PCP existir durante mais 95 anos?»

Todos menos a própria Zuber: «Bom, para aquilo que ambicionamos construir, seria desejável que o PCP não existisse daqui a 95 anos. Seria sinal de que já não existiria de exploração. Aquilo que tanto ambicionamos teria finalmente sido conseguido.»

O peso do passado

Todos estes jovens dirigentes e deputados comunistas, à exceção de Bernardino Soares, nasceram depois do 25 de Abril, mas esse passado está sempre presente nos seus discursos e na sua intervenção política. Porque é que jovens que não têm memória de viver em ditadura são tão ligados à revolução? «Abril é o momento mais bonito, mais limpo e mais emancipador da história do nosso país. Espero que daqui a cem anos uma jovem de 133 anos continue a falar de Abril», diz Rita Rato. Além do legado de Abril, estes homens e mulheres citam como exemplo os comunistas que resistiram contra a ditadura, muitas vezes tendo estado sujeitos à tortura e à necessidade de viver longe da família. Nenhum dos novos rostos do PCP acha que é possível responder à questão «Como acha que reagiria sob tortura?». João Oliveira, que admite já ter repetido essa pergunta para si mesmo, diz apenas que numa situação dessas gostaria de pensar nos exemplos que conhece. «A valorização que fazemos dessas pessoas seria uma belíssima inspiração, uma referência, uma motivação para fazer o mesmo», diz. Apesar de reconhecer o legado do partido, Margarida Botelho diz que o PCP «não está sempre a olhar para trás». «Nunca senti diferença relativamente a um camarada que já estava no partido antes do 25 de Abril. Aliás, uma das coisas mais bonitas no PCP foi o facto de o partido ter decidido, após a revolução, que não faria distinção entre os militantes do antes e os do depois», diz.

Um partido rejuvenescido?

À data do último Congresso do PCP, o partido registava 60 484 militantes. Quatro anos depois, esse número desceu para 54 280, uma quebra que o partido justifica com a retirada dos que são apenas membros da JCP, que conta com 5000 militantes. Nos últimos quatro anos, assegura o partido, entraram 5300 pessoas. Um balanço realizado no início de 2014 sobre a JCP indicava que 43 por cento dos jovens comunistas estudam no ensino secundário, 30 por cento são estudantes do ensino superior, 24 por cento trabalham e três por cento são estudantes do ensino profissional. Os desafios que o partido enfrenta hoje poderão não ser comparáveis àqueles que enfrentou nos tempos da ditadura ou no período que se seguiu à queda do Muro de Berlim e ao fim do Partido Comunista da União Soviética. Ainda assim, muitos continuam a olhar para o PCP à procura de sinais da sua dissolução futura. Apesar de ter aumentado ligeiramente o resultado nas últimas legislativas, o PCP ficou atrás do Bloco de Esquerda, tornando-se a quarta força política. Além dos resultados eleitorais, e apesar do rejuvenescimento evidente ao nível de funcionários, deputados e dirigentes, as críticas de sempre continuam a ser apontadas aos comunistas. Do PCP diz-se que tem dificuldade em passar a mensagem e em adaptar-se ao mundo atual porque isso poria em causa a sua linha central. Enquanto para Manuel Loff a velha pergunta – precisam os partidos comunistas de se renovar para sobreviver? – não tem grande validade do ponto de vista da discussão «porque a sua sobrevivência já está demonstrada», João Madeira, dirigente bloquista, admitindo que será difícil que um partido como o PCP desapareça, prevê, no entanto, que «no longo prazo venha a tornar-se um pequeno partido». Isto independentemente dos rostos jovens. «Esta geração que está a chegar às estruturas que influenciam o PCP nasceu toda depois do 25 de Abril, mas foi educada política e ideologicamente nas escolas do partido, segundo um conjunto de princípios que tendem a reproduzir com algum mimetismo a geração que agora está a ser substituída. Rejuvenescimento pode não significar remodelação.»

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